Nordeste brasileiro não corre risco de tsunami causado por vulcão, dizem especialistas.

Se você viu a palavra “tsunami” associada a Brasil nas redes sociais e, logicamente, ficou preocupado, pode se tranquilizar. São remotas as chances, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, de que a erupção de um vulcão nas ilhas Canárias cause uma onda gigante na costa brasileira.
A atividade sísmica associada ao vulcão Cumbre Vieja, na ilha La Palma, nas ilhas Canárias, que pertencem à Espanha, gerou um alerta local para a possibilidade de erupção.
Nesta sexta-feira (17), o governo das ilhas afirmou que os fenômenos sísmicos diminuíram, mas que o alerta permanece, pois o abrandamento das atividades pode ser temporário. “O processo continua e pode ter uma evolução rápida a curto prazo”, afirmam, em nota, as autoridades.
O comitê científico das ilhas Canárias deve voltar a se reunir neste sábado (18) para avaliar a evolução da situação.
O risco real em caso de erupção reside nas vizinhanças do vulcão, cidades como Fuencaliente, Los Llanos de Aridane, El Paso e Mazo.
Para o Brasil, uma erupção nesse vulcão, que fica em uma ilha próxima à costa africana, no Atlântico, poderia eventualmente provocar um mar agitado.
Pesquisadores afirmam ser pouco provável, no entanto, um evento com potencial destrutivo para a costa brasileira, mais especificamente para o Nordeste, parte mais próxima –mas ainda assim muito distante– do vulcão.
O especialista em rochas vulcânicas Fábio Braz Machado afirma que o Brasil pode sentir uma espécie de ressaca, caso a erupção de fato ocorra, a depender da violência da mesma.
Segundo Machado, pesquisador da Universidade Federal do Paraná e membro da Sociedade Brasileira de Geologia, tsunamis normalmente estão mais associadas a grandes terremotos, pela enorme quantidade de energia envolvida no deslocamento das placas tectônicas.
No caso de vulcões, o risco de tsunami cresce naqueles com características mais explosivas (ao contrário de alguns como os vistos no Havaí, em que a lava se comporta escorrendo). Machado explica ainda que a altura de um vulcão se relaciona com o potencial de explosão que ele tem e, assim, no Cumbre Vieja, de 1.949 metros, esse problema é relativamente elevado.
A formação de ondas gigantecas durante erupções também existe quando uma parte da ilha onde está o vulcão acaba caindo no mar, diz Ricardo Fraga Pereira, geólogo e chefe do departamento de oceanografia da Universidade Federal da Bahia.
“O cenário de catástrofe não é real”, avalia Pereira, sobre possíveis impactos no Brasil. “Nesse caso, não é um supervulcão, mas é de uma natureza explosiva. Exige cautela, mas não exige alarme desnecessário.”
Há certa dificuldade de prever exatamente o que vai acontecer no Cumbre Vieja, mas, mesmo no pior dos cenários, caso ondas de grande tamanho realmente estivessem em direção ao Brasil, haveria tempo mais do que o suficiente para que as autoridades nacionais alertassem a população. Cerca de oito horas, segundo Pereira.
Isso, sem contar, a perda contínua de energia na onda conforme ela atravessa o Atlântico.
Por sorte, o Brasil se localiza relativamente distante de potenciais provocadores de tsunamis, como pontos de encontros entre placas e vulcões ativos.
E eventualmente o país pode ser atingido por um evento do tipo? Bom, Machado afirma que a ilha de Tristão da Cunha, no Atlântico Sul, poderia provocar uma explosão com algum nível de impacto no sul do país.
BN

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